Maria,
Era este nome que todos conheciam como sendo seu. Até ao dia em que, chegada pela primeira vez à Escola Primária é confrontada com a realidade que fingia desconhecer:
- Existem muitas Marias na turma, tem de ser tratada pelo primeiro nome.
- Mas, Sr. Professor, a menina vai ser gozada e achincalhada por todos os colegas! Pode ficar traumatizada.
- E quando a registaram não pensaram nisso?
Os padrinhos tinham escolhido o nome, não podiam ir contra a sua vontade.
E o apelo foi sendo repetido, ano após ano, professor após professor. O sentimento de culpa e o amor pela filha davam-lhe determinação para conseguir mudar o impensável, para abrir janelas em casas onde todas as portas se fechavam. Todos os argumentos valiam em prol do "superior interesse da criança" (onde é que eu já ouvi isto?).
Os desentendimentos entre os pais em torno do assunto eram constantes e foram deteriorando a relação. Ele não cedia, ela não aceitava e a criança culpabilizava-se pelos arrufos constantes do casal.
E a vida foi correndo...
Até ao dia em que Maria passou a ser orgulhosamente e simplesmente Maria.
Em nome desta Maria e de outras Marias e Maneis em igual situação, aqui fica o meu apelo: o poder que é depositado nos pais e/ou padrinhos para escolha do nome de uma criança é um acto de responsabilidade e bom senso. Pensem nas crianças e no seu futuro e não deixem que o vosso interesse se sobreponha ao interesse da criança.